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Introdução

Definição

Vulvovaginite é definida como uma inflamação que ocorre a nível da vagina e da vulva (parte externa do órgão genital feminino).

Frequência

As vulvovaginites são o principal motivo de ida ao ginecologista, nesta faixa etária.

Causa

As vulvovaginites podem ser não especificas, por ausência de causa definida. São as mais frequentes e afetam principalmente meninas antes do inicio da puberdade (período da adolescência com maior desenvolvimento físico e mental). Nestas meninas, os lábios vulvares estão menos desenvolvidos, os pelos púbicos não existem, o pH vaginal é alcalino e a contaminação por fezes pode ocorrer mais facilmente (tendência para limpeza genital em sentido errado, do ânus para a vulva). As vulvovaginites especificas podem ocorrer por bactérias, vírus ou fungos, por corpos estranhos introduzidos na vagina, por doenças de pele ou por traumatismo.

Sinais e sintomas

O corrimento vaginal pode ocorrer sem que tal justifique doença, denominando-se como fisiológico. Neste contexto caracteriza-se por pequena quantidade, sem odor, cor clara ou transparente e sem clinica associada (comichão ou dor). No recém-nascido é possível ocorrer nos primeiros dias de vida, o que resulta da presença de estrogénios maternos ainda em circulação. Pode igualmente ocorrer 6 a 12 meses antes do primeiro período menstrual e posteriormente, dias antes de um novo ciclo ou na fase ovulatória, o que se relaciona com níveis de estrogénios endógenos. 

As vulvovaginites não específicas podem manifestar-se por corrimento vaginal escasso, cor clara ou esbranquiçada e sem odor fétido. Geralmente a área genital pode apresentar rubor, comichão, ardor ao urinar ou mais raramente dor. Estas alterações podem surgir após um quadro de infeção respiratória ou intestinal ou mesmo após toma prolongada de antibiótico. A contaminação pelas mãos da criança é uma realidade, sendo fácil a propagação a partir de secreções nasais para a região vulvar. É também mais frequente em meninas obesas, com o uso de roupas apertadas, com banhos de espuma ou lavagem com sabonetes perfumados ou por outro lado com medidas de higiene precárias.

Nas vulvovaginites especificas, o corrimento pode ser branco espesso, esverdeado ou amarelado, pode ter mau odor e apresentar pús ou sangue. A comichão, a dor e alterações da pele podem igualmente ser identificadas. Queixa de comichão anal com agravamento noturno, pode remeter para um quadro de oxiuríase. O aparecimento de úlceras vulvares numa menina virgem, após um quadro de infeção respiratória ou amigdalite pode estar relacionado com o que se descreve como úlceras aftosas. A persistência de corrimento, que altera de cor ou odor pode remeter para a presença de um corpo estranho intra-vaginal, sendo frequente nas crianças a identificação de restos de papel higiénico ou brinquedos e nas adolescentes, tampões.

Perante o aparecimento de verrugas vulvares, de corrimento esverdeado e ainda de sinais de trauma, será muito importante conhecer o contexto da criança e ouvir a história da mesma, uma vez que a hipótese de abuso sexual não deve ser excluída.

O que fazer

A presença de corrimento fisiológico não implica qualquer tipo de medida.

Perante um corrimento sugestivo de vulvovaginite não especifica poderá implementar medidas conservadoras (ver Tratamento). Se após implementação destas medidas não há melhoria deve procurar o seu médico.

Perante um corrimento com mau odor, com cor, sangue, associado a dor, ardor ou outro tipo de queixas deverá recorrer ao serviço de urgência de pediatria/ginecologia.

Tratamento

Perante um corrimento sugestivo de vulvovaginite não especifica, devem ser implementadas as seguintes medidas:

  • Limpeza genital no sentido Vulva-ânus;
  • Banho diário tendo o cuidado de enxaguar delicadamente a área genital;
  • Evitar banhos de espuma ou lavar a área genital com sabonetes perfumados, dar preferência ao uso de apenas água limpa;
  • Lavagem das mãos;
  • Evitar o uso de roupas apertadas, de tecidos pouco ventilados ou de roupas húmidas;
  • Dar preferência a camisas de dormir, pois estas permitem a circulação do ar;
  • Uso de roupa interior de algodão;
  • Se a vulva apresenta edema ou rubor aplicar compressas frias, de seguida enxaguar, procurando evitar o uso de papel higiénico. Posteriormente é indicada a aplicação de emolientes;
  • Após prática de natação, evitar que a criança permaneça longos períodos de tempo sentada com o fato de banho molhado.

Geralmente este tipo de medidas resolve corrimentos mucoides, com cheiro intenso, não fétido em duas a três semanas. Se os sintomas persistirem, se houver agravamento ou recorrência , poderá estar subjacente a presença de um corpo estranho ou de uma infeção especifica, sendo aconselhado procurar ajuda diferenciada. A remoção de um corpo estranho pode justificar a aplicação tópica de anestesia, uma sedação ligeira ou mesmo anestesia geral, dependendo do tamanho do mesmo.

Perante corrimento com características especificas, em termos de odor ou cor e associação com outras alterações clinicas, pode haver necessidade de um tratamento direcionado. Quando presente um corrimento espesso, branco, tipo iogurte, associado a comichão vulvar, o diagnóstico mais provável será uma candidíase, havendo necessidade de tratamentos tópicos com antifúngicos. Se identificada uma bactéria o tratamento passará por antibioterapia. Se por outro lado a vulvovaginite surge num contexto de dermatite atópica, o uso de hidratantes ou corticoides pode ser implementada. Quando raramente se identifica uma formação tumoral vaginal ou vulvar a terapêutica pode passar por cirurgia.

Evolução / Prognóstico

As vulvovaginites não especificas estão associadas a um bom prognóstico, resolvendo na maioria em duas a três semanas pós implementação de medidas de higiene adequadas. Frequentemente podem ser antecedidas de uma infeção respiratória ou intestinal.

As vulvovaginites especificas, uma vez identificado o agente subjacente têm no geral boa resposta ao tratamento. Perante um quadro de difícil tratamento ou recorrência poderá ser necessária investigação clinica. As recorrências são mais frequentes em imunodeprimidas ou sob antibioterapia frequente, no entanto, de acordo com o patogeno e história fornecida, não deve ser excluída a hipótese de abuso sexual.

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