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Introdução

Definição

A insuficiência ovárica primária (IOP) é rara na adolescência. Caracteriza-se por um insuficiente funcionamento dos ovários antes dos 40 anos. Os ovários deixam de libertar óvulos e de produzir hormonas (estrogénios, progesterona e testosterona). Pode não ser uma situação definitiva e algumas vezes o ovário pode voltar a funcionar.

Sinais e sintomas

Uma cuidadosa avaliação pelo médico permitirá identificar uma causa de IOP, apesar de isso não ser possível na maioria dos casos (65 a 90%). As causas conhecidas de IOP podem ser genéticas, autoimunes (libertação de anticorpos contra as células dos seus próprios órgãos), e tóxicas (após tratamentos de cancro). Entre as causas genéticas os defeitos do cromossoma X são os mais frequentes, destacando-se a Síndrome de Turner.

Interrogatório: na consulta serão efectuadas uma série de perguntas seguidas de um exame físico para pesquisar:

  • Antecedentes familiares (10 a 15% de formas hereditárias) devendo-se saber se tem familiares do sexo masculino com atraso mental (Síndrome X-frágil).
  • Sintomas: ausência de menstruação ou se a menstruação surgiu normalmente e depois deixou de ocorrer; hemorragia uterina anómala, com intervalos irregulares entre as menstruações.

Exame Físico: avaliam-se uma série de características nomeadamente a curva de crescimento, o desenvolvimento mamário e a distribuição pilosa.

Tratamento

Exames Complementares

Colheita de sangue para:

Doseamentos hormonais

Pesquisa de anticorpos: anti-tiroideus, anti-suprarrenal; anti-ováricos

Cariotipo – para identificar alterações cromossómicas

Avaliação imagiológica

Ecografia pélvica – avaliação dos ovários e útero
Rx da mão e punho esquerdo – para avaliação da idade óssea
Densitometria óssea - permite pesquisar o efeito da falta de hormonas sobre a estrutura óssea e comparar com os resultados obtidos após tratamento hormonal.

Tratamento

Na abordagem terapêutica são importantes dois aspectos: apoio psicológico e terapêutica hormonal.

Apoio psicológico:

A comunicação de um diagnóstico de IOP (com impacto a nível da saúde reprodutiva e da fertilidade futura) pode despertar vários sentimentos. É comum surgir ansiedade, confusão, preocupação e até depressão, pelo que o suporte emocional do médico, pais e cuidadores é fundamental para enfrentar este momento.

O envio da doente e familiares para aconselhamento psicológico são essenciais para evitar as repercussões negativas da IOP.

Terapêutica hormonal:

A terapêutica hormonal com estrogénios é importante para evitar a atrofia a nível vulvar e vaginal e para manter uma  adequada densidade mineral óssea. Nos casos de ausência de menstruação e de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, o tratamento consiste na administração de estrogénios em muito baixas doses, a fim de simular a maturação progressiva da puberdade.

Quando a adolescente já completou o seu desenvolvimento pubertário o tratamento deverá aproximar-se o mais possível da função ovárica normal.

Evolução / Prognóstico

A possibilidade de retoma parcial ou total da função ovárica tem sido evidenciada em cerca de 50% dos casos. Estima-se que  em 5 a 10% das doentes com diagnóstico de IOP  pode ocorrer gravidez.

Em relação ao aconselhamento reprodutivo da adolescente é importante referir que:

  • A contracepção deverá privilegiar a utilização de métodos contraceptivos de barreira e do dispositivo intra-uterino. A terapêutica hormonal deve ser mantida, para prevenir os efeitos adversos da falta de estrogénios.
  • Fertilidade futura- existe a possibilidade de se recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida, nomeadamente de doação de ovócitos

Prevenção / Recomendações

O aconselhamento das doentes e dos seus familiares é fundamental implicando uma abordagem psicossocial desde que é transmitido o diagnóstico Neste sentido referem-se alguns tópicos que devem ser focados:

  • O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir o impacto negativo da falta de estrogénios. A ausência de menstruação ou a modificação do padrão regular, superior a três meses, devem ser motivo de consulta.
  • A vigilância a médio e longo prazo é importante devido ao potencial compromisso da densidade óssea e risco de fractura no futuro, ao risco cardiovascular (CV) e às doenças autoimunes associadas.
  • Recomendam-se uma série de medidas: suplementação de cálcio e vitamina D, evitar o consumo de tabaco, dieta e exercício físico apropriados, avaliação da pressão arterial e do colesterol e triglicerídeos.

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