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Introdução

Definição

A unha incarnada (encravada ou onicocriptose) ocorre quando o prato ungueal penetra nas pregas cutâneas periungueais e/ou hiponíquio.

Epidemiologia

Patologia de elevada prevalência e alta taxa de morbilidade, afecta principalmente adolescentes, traduzindo-se por desconforto e aumento de taxas de abstenção escolar e desportiva. Aproximadamente 20% dos doentes que consultam o seu médico assistente por um problema do pé consultam-no por unha incarnada.

História Clínica

Os sinais e sintomas decorrem da penetração do prato ungueal no aparelho ungueal circundante desencadeando uma reacção de corpo estranho. Sinais e sintomas frequentemente presentes são: dor, edema, exsudação e formação de tecido de granulação. O primeiro dedo do pé é o mais frequentemente afectado.

Unha incarnada

Como principais factores predisponentes destacam-se: factores anatómicos como prato ungueal demasiado largo e/ou com curvatura ou espessura excessiva; rotação da falange distal e pregas ungueais espessadas; factores comportamentais como traumatismos, calçado inadequado e corte incorreto da unha (as unhas devem ser cortadas a direito e nunca arredondar os cantos); e outros factores como, por exemplo, a hiperhidrose ou a má higiene.

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial principal coloca-se com a perioníquia aguda sendo que nesta, apesar da inflamação da prega ungueal, não há qualquer envolvimento do prato ungueal no processo.

Perioníquia aguda: inflamação aguda que envolve as pregas proximal e/ou laterais da unha frequentemente com formação de abcesso superficial por infecção bacteriana. Nesta patologia não há encravamento do prato ungueal. Dor, eritema, edema e formação de abcesso são sintomas e sinais cardinais.

Exostose subungueal: crescimento anómalo de osso na região subungueal / falange distal (com frequência por estímulo traumático) o que condiciona muitas vezes uma curvatura excessiva do prato ungueal com inflamação dos tecidos circundantes e restante aparelho ungueal em estadios mais tardios.

Exames Complementares

O diagnóstico é clínico. Se for colocada a hipótese de exostose subungueal, deverá ser realizada telerradiografia do pé (com incidência pormenorizada da falange distal) para observação das estruturas ósseas.  

Tratamento

O tratamento está dependente da gravidade da unha incarnada. Esta pode ser classificada em um de três estadios (de Heifetz e Mogensen): ligeira, moderada e grave. Unhas incarnadas ligeiras a moderadas caracterizam-se por dor mínima a moderada, eritema ligeiro e sem exsudação. Por sua vez, no estadio grave existe eritema marcado, dor lancinante ao toque e com muita frequência presença de pus. 

A todos os doentes deve ser realizado ensino sobre o correcto corte das unhas e a importância do uso de calçado apropriado.

Estadios ligeiros a moderados: 

  • Colocar uma pequena porção de algodão por baixo do prato ungueal da zona afectada de forma a separar o prato da prega ungueal (método alavanca);
  • Afastar a prega ungueal com fita adesiva (ancorada na prega ungueal contralateral) de forma a separar o prato da prega ungueal;
  • Pedilúvios com água salgada e massagens da prega ungueal afectada (no sentido a afastar a prega do prato) 2-3x por dia (método preferível nas crianças mais pequenas).

Estadios moderados a graves: 

  • Em estadios mais avançados a solução principal é cirúrgica;
  • Existem várias técnicas cirúrgicas descritas, embora actualmente seja universalmente aceite e utilizada a avulsão parcial com a cauterização química da matriz (matricectomia parcial). O objectivo é a destruição dos cornos laterais da matriz prevenindo o (re)crescimento futuro do prato de encontro à prega ungueal. O agente químico mais frequentemente utilizado neste procedimento é o fenol, embora outros possam ser utilizados, como o ácido tricloroacético ou o hidróxido de sódio. Esta destruição química pode também ser substituída por outro método, nomeadamente físico como a electrocoagulação, radiofrequência, o laser de CO2 ou outros.
  • A avulsão ungueal total deve ser evitada, uma vez que existe uma alta probabilidade do problema recidivar com o crescimento da nova unha.
Unha incarnada pós-tratamento cirúrgico

Evolução

O tratamento da unha incarnada é eficaz. Em casos recidivantes deve optar-se sempre pela ablação permanente do corno lateral da unha.

Nos estadios ligeiro a moderado a terapêutica conservadora é eficaz em cerca de 70% dos casos. O tratamento cirúrgico tem taxas de eficácia superiores a 80-95% (dependente do cirurgião e da técnica utilizada). As recidivas pós-tratamento cirúrgico são muito pouco frequentes.

Recomendações

As unhas dos pés das crianças com menos de 2 anos, condicionadas por razões anatómicas e por traumatismos do início da marcha, encravam com frequência, sendo que maioritariamente se adoptam medidas médicas conservadoras e apenas excepcionalmente cirúrgicas.

O pico de incidência é na adolescência e deve ser sempre reforçado junto ao doente e família:

  • Uso de calçado apropriado;
  • Evicção de traumatismos;
  • Ensino do corte correcto das unhas.

Bibliografia

  1. Barreiros H, Matos D, Goulão J, Serrano P, João A, Brandão FM. Using 80% trichloroacetic acid in the treatment of ingrown toenails. An Bras Dermatol. 2013, 88(6): 889-93.
  2. Haneke E. Controversies in the treatment of ingrown nails. Dermatol Res Pract. 2012, 2012:783924.

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