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Introdução

Ao longo do período de amamentação colocam-se diferentes desafios às mães. Após o nascimento muitas mulheres defrontam-se com dificuldades de várias ordens para manter a amamentação, necessitando habitualmente de apoio e incentivo. Ultrapassada essa fase, é o regresso ao trabalho que corresponde para muitas crianças ao início do desmame. Sabe-se que existem diferenças marcadas na manutenção da amamentação entre mães que trabalham em tempo completo, parcial ou que não trabalham.

O aleitamento materno deve permanecer exclusivo até cerca dos 6 meses, data em que a criança irá iniciar a alimentação complementar, continuando a mamar. Mas para mulheres que regressam ao trabalho aos 4 ou mesmo 5 meses, permanecem afastadas dos filhos 6 a 8 horas por dia, como é possível manter esta desejável meta? As mulheres que trabalhando por conta própria recebem 70% dos seus rendimentos habituais, por serem estes os tributáveis

Assim muitas crianças iniciam a alimentação sólida ou têm mamadas substituídas por leite artificial e gradual, mas rapidamente a produção da mãe vai diminuindo. À primeira vista parar a amamentação pode parecer a solução mais fácil, no entanto, a sua manutenção facilita a vida da mãe, porque o uso de leite artificial implica o aumento do risco de doenças, bem como gastos e esforço na preparação, sendo também muito menos recompensador.

 

O que fazer

Apresentam-se sugestões e conselhos práticos para manter o aleitamento materno exclusivo.

Preparar os cenários com antecedência

Frequentemente as mães preocupam-se que os bebés estranhem a nova situação e pensam começar a alterar as rotinas numa tentativa de mimetizar a realidade futura, temporizando refeições e sonos e evitando mimar “demasiado”. Não é necessário, nem desejável. Os bebés são adaptáveis e é mais confortável para eles poder contar com a habitual disponibilidade total da mãe.

É, no entanto, necessário fazer arranjos planeando antecipadamente onde e com quem o bebé ficará, quando iniciar a extracção e onde e quando irá extrair leite no trabalho.

Local onde o bebé fica na ausência da mãe

A maior parte dos bebés, actualmente, quando a mãe regressa ao trabalho permanece em berçários. Tendencialmente a escolha da localização desse berçário é feita pela proximidade de casa. Se for o pai ou os avós a ir buscar o bebé para que chegue mais cedo a casa, essa pode ser uma opção, mas se for a mãe porque não optar por um infantário perto do trabalho, para que a mãe possa amamentar o bebé na sua hora de almoço quando não tem jornada contínua, ou conseguir amamenta-lo assim que saia do trabalho, diminuindo o período de ausência?

Os infantários devem ter um local onde as mães possam amamentar, sempre que queiram, bem como devem dispor de condições para guardar e aquecer o leite da mãe. (Ver extracção e conservação de leite materno). Os pais devem certificar-se que o infantário que escolhem reúne essas condições.

Se o bebé ficar com os avós, ou com o pai (no caso da licença partilhada), poderão levá-lo ao trabalho da mãe a uma hora combinada para que possa mamar.

A comunicação com os cuidadores do bebé é importante. Utilizando os meios atualmente ao dispor a mãe pode avisar que demorará pouco tempo a chegar para que não seja dada nenhuma refeição à criança e ela possa mamar directamente na mãe.

Extracção quando, como e quanto

A extracção do leite materno pode ser feita manualmente, por bomba extratora manual ou eléctrica. A escolha será feita de acordo com preferências individuais e capacidades monetárias. Existem mulheres que fazem extracção manual com uma velocidade semelhante à de uma bomba extractora eléctrica. (Link para extracção manual: https://www.youtube.com/watch?v=31Fw-XHQdwQ&feature=youtu.be).

O início da extracção deve fazer-se de acordo com vários factores, nomeadamente, o número de meses de licença, a capacidade de reserva mamária e o modo como o bebé mama. A extracção não deve ser iniciada antes das 6 semanas, quando se atinge o período de estabilização da produção de leite. A partir desta fase as necessidades do bebé vão se manter estáveis, não havendo aumento do consumo de leite até aos 6 meses, com excepção de pequenos surtos de crescimento, nomeadamente o tão conhecido período dos 3 meses.

Atendendo a que a maior parte dos congeladores poderá guardar o leite com segurança por 3 meses, a extracção pode iniciar-se 2 meses antes da ida para o trabalho para poder ser feita de uma forma tranquila, sem pressões de tempos e quantidades, que são inimigas da extracção, ou seja o stress inibe a hormona que provoca a ejecção do leite, a oxitocina. Também a glândula mamária vai necessitar de algum tempo para se habituar à produção extra.

A hora, ou horas, a que a extracção deve ser feita durante o dia depende da capacidade de reserva da mama. Mamas com grande capacidade de reserva, que não corresponde necessariamente ao tamanho de mama visível, podem ter maior quantidade de leite disponível para extrair em diferentes horas. Em mamas com pequena capacidade de reserva (que podem ser mamas aparentemente grandes) será necessário fazer mais vezes extracções para conseguir o mesmo volume. Notavelmente ao final de 24 horas a produção de ambas pode ter sido igual, mas o bebé da mãe com menor capacidade de reserva terá que mamar mais vezes.

A maior parte das mulheres sente a mama mais cheia no início da manhã do que no final da tarde, sendo um período mais propício para a extracção. A extracção de leite é uma aprendizagem, por isso no início podem sair apenas algumas gotas, não sendo motivo para desistir, mas sim para praticar mais.

Porque os bebés são mais eficazes que qualquer bomba, a mãe pode fazer a extracção antes do bebé mamar, porque ele conseguirá sempre retirar mais leite e ficará com sensação de saciedade dada pela maior quantidade de gordura que vai conseguir extrair no final da mamada.

Frequentemente as mães perguntam a quantidade que devem extrair / armazenar. Não existe uma única resposta, porque as necessidades serão diferentes em cada caso. Aconselha-se porém congelar em pequenos sacos ou frascos de forma a não haver desperdícios de leite, uma vez que não se sabe a quantidade que a criança irá beber. Em média as crianças podem beber entre 100 e 150 ml a cada refeição.

Como oferecer o leite extraído

Idealmente o bebé deve mamar directamente porque para além da óbvia comodidade, aufere de maior protecção contra certas doenças, como vem sendo provado nos últimos anos.

Nesta circunstância, porém, o bebé vai ter que beber o leite de outra forma. Podemos usar o copo, a colher, ou o biberon. A escolha mais frequente, por desconhecimento de outras opções é o biberon sendo, no entanto, necessário reaprender como deve ser oferecido o biberon ao bebé para apoiar a amamentação. (Ver “Como administrar o biberon”) obs. – onde?

Arranjos no trabalho

A maior parte das mulheres que trabalha em horário completo, apesar de poder usufruir de redução de 2 horas por dia, permanece longe do bebé 6 a 8 horas, contando com tempo para deslocações. Esse período equivale habitualmente a 2 refeições.

A mulher deve amamentar imediatamente antes de sair de casa e assim que consiga chegar junto do bebé. Mas em períodos de tempo tão prolongados, para que mantenha a sua produção e não tenha ingurgitamento e mastite deve extrair pelo menos 1 vez durante a estadia no trabalho.

Frequentemente coloca-se o problema prático do local para o fazer. A maior parte das empresas não tem salas de amamentação / extracção, nem por vezes, uma sala com um mínimo de privacidade. Extrair nos sanitários não é solução que deva ser admissível.

Muitos locais de trabalho não dispõem de frigoríficos para guardar o leite extraído. O leite pode ser guardado numa mala térmica, com placas térmicas. Mesmo no verão a sua conservação não constitui problema.

Existem trabalhos cujas condições não permitem a extracção. Nesse caso pode ser necessário extrair apenas para conforto, ainda que o leite tenha que ser desperdiçado.

As empresas ignoram os benefícios que podem ter com um suporte adequado às mulheres que amamentam.

Leis de protecção

Em Portugal a lei prevê a existência da redução de 2 horas de trabalho, no caso dos horários completos. Nas mulheres que trabalham a tempo parcial a dispensa reduz-se na proporção do período de trabalho, nunca sendo inferior a meia hora.

Soluções como trabalho a partir de casa, redução do horário, jornada contínua ou prolongamento das licenças de maternidade facilitam o processo e podem permitir a continuidade da amamentação exclusiva com maior facilidade.

EM Portugal, a licenças pagas a 100% são as que atribuem 120 dias à mãe, ou 150 dias com 120 para a mãe e 30 para o pai.

A licença de 180 dias em que 150 são da mãe e 30 do pai aufere de um subsídio parental de 83%.

Ainda está prevista na Lei a possibilidade de gozar uma licença de até 3 meses para cada progenitor, além da licença inicial, denominada licença alargada. Esta licença é muito penalizada, auferindo apenas 25% do ordenado bruto. Permite, no entanto, acompanhar a criança no início da alimentação complementar.

A Lei estabelece também que a mãe que amamente tem direito a dispensa de trabalho para o efeito, durante todo o tempo que durar a amamentação, devendo comunicar esse facto ao empregador, com dez dias de antecedência, e apresentar atestado médico após o primeiro ano de vida do filho, e durante todo o tempo que durar a amamentação.

A emissão de um atestado médico que permita a continuidade do aleitamento materno será sempre baseada numa relação de boa-fé, de conhecimento mútuo e de confiança nas declarações das mulheres. Sempre que a criança for à consulta de rotina, a mãe ou o pai devem solicitar o atestado que comprove a amamentação a entregar na entidade patronal. Só assim a mulher continuará a beneficiar da despensa de trabalho diária. A lei é omissa relativamente à periodicidade com que o atestado deve ser emitido.

Outras questões

Para que a produção se mantenha a mulher deve durante os dias de folga oferecer mais frequentemente a mama ao bebé, e mesmo que já tenha iniciado a alimentação complementar deve evitar oferecer os outros alimentos. Não é necessário manter a mesma rotina dos dias de trabalho, com a intenção de que o bebé não estranhe. A amamentação noturna deve continuar.

A mãe necessita cuidar-se também, em termos de alimentação e hidratação, respondendo às necessidades extra do seu corpo.

Muitas mães nesta fase sentem-se “culpadas” por ter que deixar o bebé. Não existem soluções perfeitas e as escolhas têm que ser feitas de acordo com o que é melhor para a família. Talvez ajude pensar que quando chegam a casa vão poder desfrutar do prazer do reencontro.

Nesta fase continua a ser muito importante a participação que o pai pode dar na organização das tarefas domésticas, e no assegurar dos cuidados aos filhos. O regresso ao trabalho da mulher que amamenta vai exigir-lhe um esforço acrescido e por isso o envolvimento do outro progenitor é fundamental.

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