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Introdução

Definição

A avulsão consiste no arrancamento da espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI), em resultado de uma força de tração súbita exercida pelo tendão directo do recto anterior, no seu local de inserção.

Epidemiologia

O núcleo de ossificação da espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI) funde-se mais precocemente (entre os 12 e os 14 anos) o que, a par da menor quantidade de forças aplicadas, explica a maior raridade das avulsões a este nível [2,5,16].

A incidência destas lesões prende-se mais com o nível de actividade física em determinada idade do que com qualquer alteração patológica da cartilagem de crescimento.

Observadas na população masculina jovem (sobretudo nos adolescentes) que pratica desportos vigorosos, são situações raras na população em geral.

História Clínica

Anamnese

Tipicamente ocorrem aos treze anos de idade [2,5,9], e se associam com maior frequência ao remate, principalmente no rugby e futebol [9,16].  

Exame objectivo

O tendão directo do recto anterior nela inserido provoca, por contracção muscular súbita ou extensão violenta da anca com o joelho em flexão, uma fractura / arrancamento com maior ou menor grau de diastase do fragmento avulsionado [2,3,5,16].

Sintomaticamente o doente refere uma dor na face anterior da coxa com impotência funcional relativa, frequentemente associada a dor e edema locais [9,16]. Estão também descritos casos crónicos, principalmente em corredores adolescentes de longa distancia [4], com um quadro inicial fruste correspondendo a uma apofisite que posteriormente pode progredir para uma avulsão.

Diagnóstico Diferencial

Devido a localização mais profunda da EIAI, o diagnóstico diferencial faz-se com patologia articular da anca (p.e. artrite, sinovite, epifisiólise femoral proximal) e com lesões musculares profundas nesta localização

Exames Complementares

Imagiologia

Na avaliação radiológica, para além da incidência ântero-posterior, deve-se realizar uma oblíqua (alar) para melhor evidenciar esta formação apofisária. O desvio só excepcionalmente é grande (> 3cm) [18] uma vez que, na maioria dos casos, o recto anterior continua inserido através do tendão reflectido.

Avulsão da espinha ilíaca ântero-inferior

Tratamento

Conservador

O tratamento é quase sempre conservador [2,3,4,8,9,11,13,16,20] -repouso na cama durante dois ou três dias seguido de marcha sem apoio com a ajuda de canadianas.

Cirurgia

Ainda que para alguns autores a cirurgia nunca esteja indicada [16,20], para outros o tratamento é excepcionalmente cirúrgico, nos casos em que exista grande diastase do fragmento avulsionado (> 3 cm), correspondendo a lesão simultânea dos tendões directo e reflectido, ou quando, independentemente do grau de diastase, o fragmento é de grandes dimensões [5,18].

Evolução

A evolução habitual da lesão é para a consolidação sem sequelas funcionais.

Recomendações

O retomar da actividade desportiva é feito entre a sexta e oitava semanas [2,16].

Bibliografia

  1. Canale ST: Fractures of the pelvis. In De Rockwood CA , Wilkins DE and King RE: Fractures in children, vol 3, Philadelphia, JB Lippincott Co:992, 1991.
  2. Crenshaw AH: Campbell’s operative orthopaedics, vol 2, Mosby Co, 1992.
  3. Draper DO and Dustman AJ: Avulsion fracture of the anterior superior iliac spine in a collegiate distance runner, Arch Phys Med Rehabil 73(9):881, 1992.
  4. Ducloyer P and Filipe G: Apophyseal avulsion of the pelvis in children, Chir Pediatr 29(2-3):91, 1988.
  5. Gamelas JM, Martins A and Salis Amaral JA: Avulsão bilateral das espinhas ilíacas antero-inferiores (revisão de caso clínico), Rev Port Ortop Traum 4:581, 1996.
  6. Khoury MB, Kirks DR, Martinez S and Apple J: Bilateral avulsion fractures of the anterior superior iliac spines in sprinters, Skeletal Radiol 13(1):65, 1985.
  7. Nicholas JA and Hershman EB: The lower extremity and spine. In sports medicine, vol 2, St Louis, CV Mosby Co, 1986.
  8. Schwobel MG: Apophyseal fractures in adolescents, Chirurg 56(11):699, 1985.
  9. Tachdjian MO: Pediatric Orthopedics, 2nd ed, vol 2, Philadelphia, W. B. Saunders Company, 1990.
  10. Fernbach SK and Wilkinson RH: Avulsion injuries to the pelvis and proximal femur, Am J Radiol 137:581, 1981.

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